Nova Guernica
(uma visão sobre o momento atual da humanidade)
Picasso retratou num de seus quadros mais famosos o bombardeio de uma pequena cidade de Espanha pelas forças aliadas de Hitler e Francisco Franco contra os patriotas espanhóis. Nesse ataque, a Alemanha experimentava os poderes de sua aviação, como treino para a segunda guerra mundial. O quadro é forte e retrata a trucidação de corpos. Na internet podemos ainda ver fotos de crianças, com cartazes numerados em seus corpos para identificação. Morreram muitas crianças, todas inocentes. Suas vidas acabaram naqueles dias enquanto se divertiam nas ruas, ou iam na padaria comprar uns pães para casa. Vidas ceifadas num estalar de dedos de quem queria o poder, não importava como. A Igreja Católica de então, era dirigida por Pio XII que,sabemos, se omitiria anos depois, entrevistando-se com Hitler e não tomando posição firme e insistente contra o Holocausto e contra a guerra provocada por Hitler. Pelo contrário, a Igreja Católica apregoava a conformação. Todos os fiéis deveriam ser bons, enquanto os maus declaravam a guerra. Uma postura conservadora e útil para os conformados. Muitos desses conformados foram para a guerra, porque não foi parada no início por comodismo. O quadro Guernica, de Picasso, é um grito de inconformismo. A segunda guerra mundial começou, em parte, pela alta indenização imposta ao Kaiser Guilherme II da Alemanha, em Versailles, após a derrota de 1918.
Passados cerca de 70 anos, vemos o mundo novamente á beira da instabilidade. Em 1973, apareceu a primeira crise do petróleo. Foi a primeira grande crise depois da segunda guerra mundial. Entre crises após crises, chegamos a 2008 e o mundo financeiro começou a se desestabilizar de forma mais séria. O motivo principal da Instabilidade foi a quebra do banco Lehman Brothers nos EUA,mas, em poucas semanas, a crise norte-americana já atravessava o Atlântico: a Islândia estatizou o segundo maior banco do país, que passava por sérias dificuldades. As mais importantes instituições financeiras do mundo, Citigroup e Merrill Lynch, nos Estados Unidos; Northern Rock, no Reino Unido; Swiss Re e UBS, na Suíça. Em várias entrevistas, os administradores dos bancos confessaram seus equívocos e a deficiente administração de suas instituições. Os banqueiros em todo mundo, cada um com substancial acumulo de ações de vários outros bancos, sentiram a gravidade do momento e perguntaram-se onde arranjar dinheiro barato ou doado, para cobrir a possibilidade de rombos em seus fundos monetários. Não sabemos que tipos de acordo aconteceram a portas fechadas nos gabinetes do governo americano e posteriormente nos de outros países. O que sabemos é que o governo americano resolveu doar a baixo custo uma enorme parte dos impostos de seu povo, pagos com sacrifício para o desenvolvimento dos EUA. Governos de todo o mundo, incluindo o do Brasil, repetiram o ato do governo americano e com maiores ou menores vantagens para os Bancos, cobriram os supostos rombos que ainda viriam. O resultado destas medidas, é que os Bancos ficaram com dinheiro e os governos sem dinheiro. Ao ficar sem dinheiro, ficou mais difícil para os governos pagarem as suas dívidas, e ao não pagarem as dívidas, as agências que avaliam as condições financeiras dos governos, “risco-país”, baixaram-lhes seus índices de credibilidade no mercado internacional. Ao baixarem esses índices, espalharam o pânico pelo mundo, começando pela Grécia, depois Portugal, Espanha e Itália, sendo que uma dessas empresas de avaliação de risco-país rebaixou a avaliação americana na primeira semana de agosto de 2011. Tudo muito rápido. Entre o ataque á Grécia e a avaliação negativa dos EUA. As ruas da Grécia conheceram a violência, assim também as ruas da França e recentemente as de cidades da Inglaterra, estas a pretexto da morte de um manifestante pelas forças policiais. A Inglaterra não ser revoltaria em cinco cidades pegando fogo a instalações e quebrando tudo o que se via pelo caminho pela morte de um só manifestante. Temos que separar o joio do trigo.
O que está em causa é a Democracia. Os governos agem sem consultar as populações a quem cobram impostos e impõem leis de tal forma que até o cidadão mais honesto e econômico se torna inadimplente, um fora da lei. Os bancos tomaram conta dos governos impondo-lhes as suas próprias necessidades e não nos demos conta em todas essas décadas. Pensávamos que vivíamos em democracias, mas no fundo, lá nos corredores dos palácios, os cidadãos, que não têm Lobbies, viram os lobistas de bancos agirem na madrugada para impor a sua vontade á revelia das nações. Está em causa a democracia que na verdade nada mais é, em qualquer país do mundo , do que uma ditadura governamental – os EUA também são um pais qualquer.
A Suíça e a Islândia aprovaram recentemente, através de voto direto cidadão pelas vias informáticas das redes sociais, as suas novas constituições. Está na hora de ser instaurada a democracia participativa em todo o mundo. Infelizmente não a tempo de que o mundo volte a tornar-se numa nova Guernica.
Rui Rodrigues
(uma visão sobre o momento atual da humanidade)
Picasso retratou num de seus quadros mais famosos o bombardeio de uma pequena cidade de Espanha pelas forças aliadas de Hitler e Francisco Franco contra os patriotas espanhóis. Nesse ataque, a Alemanha experimentava os poderes de sua aviação, como treino para a segunda guerra mundial. O quadro é forte e retrata a trucidação de corpos. Na internet podemos ainda ver fotos de crianças, com cartazes numerados em seus corpos para identificação. Morreram muitas crianças, todas inocentes. Suas vidas acabaram naqueles dias enquanto se divertiam nas ruas, ou iam na padaria comprar uns pães para casa. Vidas ceifadas num estalar de dedos de quem queria o poder, não importava como. A Igreja Católica de então, era dirigida por Pio XII que,sabemos, se omitiria anos depois, entrevistando-se com Hitler e não tomando posição firme e insistente contra o Holocausto e contra a guerra provocada por Hitler. Pelo contrário, a Igreja Católica apregoava a conformação. Todos os fiéis deveriam ser bons, enquanto os maus declaravam a guerra. Uma postura conservadora e útil para os conformados. Muitos desses conformados foram para a guerra, porque não foi parada no início por comodismo. O quadro Guernica, de Picasso, é um grito de inconformismo. A segunda guerra mundial começou, em parte, pela alta indenização imposta ao Kaiser Guilherme II da Alemanha, em Versailles, após a derrota de 1918.
Passados cerca de 70 anos, vemos o mundo novamente á beira da instabilidade. Em 1973, apareceu a primeira crise do petróleo. Foi a primeira grande crise depois da segunda guerra mundial. Entre crises após crises, chegamos a 2008 e o mundo financeiro começou a se desestabilizar de forma mais séria. O motivo principal da Instabilidade foi a quebra do banco Lehman Brothers nos EUA,mas, em poucas semanas, a crise norte-americana já atravessava o Atlântico: a Islândia estatizou o segundo maior banco do país, que passava por sérias dificuldades. As mais importantes instituições financeiras do mundo, Citigroup e Merrill Lynch, nos Estados Unidos; Northern Rock, no Reino Unido; Swiss Re e UBS, na Suíça. Em várias entrevistas, os administradores dos bancos confessaram seus equívocos e a deficiente administração de suas instituições. Os banqueiros em todo mundo, cada um com substancial acumulo de ações de vários outros bancos, sentiram a gravidade do momento e perguntaram-se onde arranjar dinheiro barato ou doado, para cobrir a possibilidade de rombos em seus fundos monetários. Não sabemos que tipos de acordo aconteceram a portas fechadas nos gabinetes do governo americano e posteriormente nos de outros países. O que sabemos é que o governo americano resolveu doar a baixo custo uma enorme parte dos impostos de seu povo, pagos com sacrifício para o desenvolvimento dos EUA. Governos de todo o mundo, incluindo o do Brasil, repetiram o ato do governo americano e com maiores ou menores vantagens para os Bancos, cobriram os supostos rombos que ainda viriam. O resultado destas medidas, é que os Bancos ficaram com dinheiro e os governos sem dinheiro. Ao ficar sem dinheiro, ficou mais difícil para os governos pagarem as suas dívidas, e ao não pagarem as dívidas, as agências que avaliam as condições financeiras dos governos, “risco-país”, baixaram-lhes seus índices de credibilidade no mercado internacional. Ao baixarem esses índices, espalharam o pânico pelo mundo, começando pela Grécia, depois Portugal, Espanha e Itália, sendo que uma dessas empresas de avaliação de risco-país rebaixou a avaliação americana na primeira semana de agosto de 2011. Tudo muito rápido. Entre o ataque á Grécia e a avaliação negativa dos EUA. As ruas da Grécia conheceram a violência, assim também as ruas da França e recentemente as de cidades da Inglaterra, estas a pretexto da morte de um manifestante pelas forças policiais. A Inglaterra não ser revoltaria em cinco cidades pegando fogo a instalações e quebrando tudo o que se via pelo caminho pela morte de um só manifestante. Temos que separar o joio do trigo.
O que está em causa é a Democracia. Os governos agem sem consultar as populações a quem cobram impostos e impõem leis de tal forma que até o cidadão mais honesto e econômico se torna inadimplente, um fora da lei. Os bancos tomaram conta dos governos impondo-lhes as suas próprias necessidades e não nos demos conta em todas essas décadas. Pensávamos que vivíamos em democracias, mas no fundo, lá nos corredores dos palácios, os cidadãos, que não têm Lobbies, viram os lobistas de bancos agirem na madrugada para impor a sua vontade á revelia das nações. Está em causa a democracia que na verdade nada mais é, em qualquer país do mundo , do que uma ditadura governamental – os EUA também são um pais qualquer.
A Suíça e a Islândia aprovaram recentemente, através de voto direto cidadão pelas vias informáticas das redes sociais, as suas novas constituições. Está na hora de ser instaurada a democracia participativa em todo o mundo. Infelizmente não a tempo de que o mundo volte a tornar-se numa nova Guernica.
Rui Rodrigues
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