Um dos mais importantes  textos na luta pela igualdade racial nos Estados Unidos   
Martin Luther King foi um dos  maiores oradores políticos do século XX. Seu estilo adaptou a oratória  sacra das Igrejas negras do Sul dos EUA, com suas canções e diálogos  entre o pastor e os fiéis, à luta pela igualdade racial, na década de  60, até que foi assassinado em 1968.
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|        o famoso discurso de Martin Luther   King foi feito por ocasião da Marcha   sobre Washington, em 28 de agosto de 1963  | 
O ponto mais elevado desta oratória foi o discurso pronunciado por ocasião da Marcha sobre Washington, em 28 de agosto de 1963, quando estava em discussão no Congresso Americano, a Lei dos Direitos Civis, encaminhada por Kennedy. Defensor da estratégia da “não violência” ao estilo Ghandi, Martin Luther King, provocou e enfrentou a reação do racismo nas ruas das cidades do sul dos EUA.
Suas passeatas, contrariando determinações  policiais que as proibiam e a ocupação de lugares reservados para  brancos nos ônibus e lancherias, provocavam a reação policial com  mangueiras de bombeiros, cães e cassetetes, e, no final a prisão, para  dramatizar, perante a opinião pública, o absurdo moral da segregação  racial. 
Na sua “Carta de uma  prisão em Birmingham”, dirigida aos pastores brancos do estado de  Alabama, ele dizia: 
 “Meus  amigos. Eu devo dizer a vocês que nós não tivemos nenhuma conquista nos  direitos civis sem o exercício de uma pressão legal, não violenta e  determinada. (...) Nós sabemos, por dolorosa experiência, que a  liberdade nunca é concedida voluntariamente pelo opressor; ela deve ser  reclamada pelos oprimidos.(...) Por muitos anos eu tenho ouvido a  palavra “esperem”. Ela soa aos ouvidos de um negro com uma cortante  familiaridade. Este “esperem” sempre significou “nunca”  
Nos seus sermões dialogados com os fiéis,  Martin Luther King, insistia em que o momento era chegado. Que não havia  mais nenhuma justificativa para o “Esperem”. Ele dizia : 
 “O que vocês querem?” . Os fiéis  respondiam em uníssono: “Liberdade”. Ao que ele perguntava: “Eu quero  ouvir de novo. Não ouvi bem. O que vocês querem?” “Liberdade”, gritavam  os fiéis, ainda mais alto. “Para quando vocês querem a liberdade?”. O  que levava os fiéis ao delírio, gritando sem parar: “Liberdade agora.  Liberdade agora. Liberdade agora.”  
Na Marcha sobre Washington, quando uma multidão de quase 1  milhão de pessoas reuniu-se em frente ao monumento a Lincoln, ele  pronunciou o seu famoso discurso “Eu tenho um sonho”: 
O discurso
“Ainda que enfrentemos as dificuldades de  hoje e de amanhã, Eu tenho um sonho. Eu ainda tenho um sonho. Eu tenho  um sonho no qual vejo que um dia esta nação se levantará e cumprirá o  seu princípio mais importante: ‘Nós acreditamos que estas verdades são  auto-evidentes: que os homens são criados iguais pelo seu Criador’ Eu  tenho um sonho. Um sonho de que em algum dia, nas colinas vermelhas da  Geórgia, os filhos dos escravos e os filhos dos donos de escravos  estarão sentados na mesa em que todos são irmãos. 
Eu tenho um sonho de que mesmo o estado de  Mississipi, um estado intumescido com o calor da injustiça, será  transformado num oásis de liberdade. 
Eu tenho um sonho de que um dia, `cada vale será exaltado,  cada colina e montanha será rebaixada, os lugares ásperos serão tornados  suaves, os lugares de maldade serão tornados honestos, e a Glória do  Senhor se revelará, e toda a carne a verá ao mesmo tempo’. 
Esta é a nossa esperança. É com esta fé que  retorno ao Sul.  Com esta fé, estamos dispostos a trabalhar juntos, a  rezar juntos, a lutar juntos, a ir para a cadeia juntos, e a nos  levantarmos juntos em defesa da liberdade, sabendo que seremos livres  algum dia.
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|        Martin Luther King provocou e   enfrentou a reação do racismo nas   ruas das cidades do sul dos EUA.  | 
Este será o dia em que os filhos de Deus cantarão juntos : Meu  país, doce terra de liberdade, para ti eu canto. Terra onde meus pais  morreram, terra do orgulho dos peregrinos, de qualquer lado da montanha,  que toque o sino da liberdade. Se a América quiser ser uma grande  nação, então isto terá que se tornar verdadeiro. Que toque então o sino  da liberdade. Quando permitirmos que toque o sino da liberdade, quando  deixarmos que toque em qualquer cidadezinha de qualquer Estado,  estaremos preparados para nos erguer neste dia, e todos os filhos de  Deus, brancos ou negros, judeus ou gentios, protestantes ou católicos,  daremos as mãos para cantar uma antiga canção negra religiosa: `Enfim  livres. Enfim livres. Graças ao Senhor todopoderoso. Estamos livres  enfim” 
A multidão, ao fim do  discurso, como que hipnotizada pela oratória pedia : “Sonha mais.  Continua sonhando”, e, antes de se dispersar se pôs a cantar: 
“Nós vamos vencer (We shall overcome) Nós  vamos vencer. Nós vamos vencer algum dia. No fundo do meu coração eu  acredito que nós vamos vencer um dia.” 
Difícil reproduzir o mesmo impacto da palavra falada com o  texto escrito, ainda mais quando traduzido. A força deste discurso foi  extraordinária, sua autenticidade comovedora, e a sua mensagem de união  de todos pela liberdade tornou-se um símbolo. 
Em 1968, a voz de Martin Luther King seria  calada pela bala de um assassino, mas o seu exemplo e a sua lição  pavimentaram o solo político americano, para as grandes conquistas dos  direitos civis para os cidadãos negros naquele país. 


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