O presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de  Justiça, ministro Cezar Peluso, assinou nesta terça-feira (16/8)  portaria instituindo no âmbito do CNJ uma Comissão Extraordinária para  estudar e propor uma política nacional de segurança institucional da  magistratura. A comissão será presidida pela corregedora do CNJ,  ministra Eliana Calmon.
A Portaria 80, estabelecendo a Comissão  Extraordinária, foi assinada um dia após a criação da Comissão de Juízes  designada pelo ministro Peluso para acompanhar as investigações do  assassinato da juíza Patrícia Lourival Acioli, ocorrido no último dia 12  em Niterói (RJ).
Conforme publicado pela ConJur, a  juíza Patricia Acioli foi atingida por 15 tiros na semana passada. De  acordo com informações da família, ela já vinha recebendo ameaças. Ela  era titular da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, na região metropolitana  do Rio de Janeiro, e tinha uma atuação forte no combate a milícias,  grupos de extermínio e máfias que controlam a venda de combustíveis e o  transporte clandestino na região.
Além de propor uma política  nacional de segurança institucional da magistratura, caberá à Comissão  Extraordinária sugerir medidas para a concretização da mesma. A Comissão  tem prazo de 30 dias para apresentar relatório inicial circunstanciado  com as sugestões que entender pertinentes.
Integram a Comissão os  conselheiros do CNJ José Roberto Neves Amorim, Silvio Luis Ferreira da  Roch, Gilberto Valente Martins e Jefferson Kravchychyn.
O caso 
A juíza Patrícia Acioli julgava processos referentes a casos que  envolviam quadrilhas perigosas. Ela estava ao volante de seu Fiat Idea  quando foi surpreendida por homens de toucas ninja, em duas motos e dois  carros. Eles deram ao menos 15 tiros de pistolas calibre 40 e 45 contra  a juíza, que morreu no local.
Entre as decisões de Patrícia está a  prisão de policiais militares de São Gonçalo que sequestravam  traficantes e, mesmo depois de matá-los, entravam em contato com  familiares e comparsas exigindo dinheiro para soltura. A juíza Patrícia  também decretou a prisão preventiva de PMs acusados de forjar confrontos  com bandidos, mortos durante a abordagem. A juíza já teria recebido  várias ameaças de morte.
Repercussão
O ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, afirmou  na segunda-feira (15/8) que o assassinato da juíza Patrícia Acioli, em  Niterói, é extremamente grave. Segundo ele, o fato é simbólico e tem  repercussão sobre todas as autoridades que combatem o crime.
Gilmar  Mendes também disse o assassinato tem efeitos sobre várias autoridades.  “Isso provoca um temor generalizado”, disse. “Isso tem um caráter  simbólico, que é agredir autoridades que estão reprimindo crimes”,  reforçou.
Em nota conjunta, os presidentes da AMB e da Amaerj,  desembargadores Nelson Calandra e Antonio Cesar Siqueira,  respectivamente, afirmam que "a magistratura nacional empenhará  incessantes esforços na resolução desse crime e na punição dos culpados.  Outrossim, os magistrados brasileiros nunca se curvaram e nem se  curvarão a qualquer tipo de ameaça a sua atuação profissional".
A  OAB do Rio de Janeiro também divulgou nota de solidariedade à família da  juíza além de se manifestar no sentido de que haja a "cabal apuração  dos fatos e a punição exemplar dos culpados de um crime que atinge os  fundamentos do Estado".
A Associação Nacional dos Membros do  Minsitério Público (Conamp), por meio de nota, exigiu celeridade na  apuração do crime e na busca pelos culpados. A entidade disse que espera  medidas urgentes “para resguardar a integridade física e a vida dos  magistrados, promotores e procuradores e de seus respectivos  familiares”.
Diversas outras categorias de classe e autoridades se  manifestaram sobre a morte da juíza e sobre a necessidade do Estado  brasileiro oferecer melhores condições de segurança para os magistrados.  Com informações da Assessoria de Imprensa do Supremo Tribunal Federal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário